Esta semana, nos 50 anos do golpe de 1964, a imprensa brasileira foi invadida por incontáveis matérias tratando do tema. Rever o período é algo necessário porque precisamos conhecer para que não se repita. O período de 21 anos do regime deixou pouca coisa para o Brasil além dos mortos. Mas passou, e precisamos seguir em frente, até mesmo para tentar resolver os problemas que existiam naquela época e que continuam a nos atormentar. Perdemos duas décadas, este é o saldo.
***
Pois lembrei esta semana um fato que continua na memória. No final da década de 70, o Brasil caminhava para a democracia. Na época, eu era um adolescente que gostava de revista em quadrinhos, romances e jornais. Naturalmente, era curioso com o que estava acontecendo.
Pois um belo dia a notícia correu pela cidade. A banca de revistas, situada na Avenida Rio Branco, tinha sido alvo de atentado na madrugada. Uma bomba incendiária reduzira a pó a banca que eu frequentava diariamente.
Para a opinião pública, o fato foi represália pela venda de jornais independentes como “O Pasquim”, “Movimento”, “Cooperjornal” e outros que tratavam de temas políticos sob o ponto de vista da oposição. A ditadura estava nos seus estertores.
O resultado é que fiquei algum tempo sem minhas leituras. E a pequena Santa Rosa da época entrou para o noticiário nacional. Afinal, os atentados vinham acontecendo em todo o Brasil. Nada foi revelado, e também não se confirmou a versão de que o crime fora encomendado por políticos locais.
Pois dias atrás, na TV, o polêmico general Newton Cruz revelou que, realmente, os atentados a bomba eram praticados por grupos que desejavam apenas conturbar e retardar o processo de democratização do Brasil. Não conseguiram, como se vê.
***
Mudando de assunto. É hoje a inauguração do “Ponto de Leitura”, uma parceria da ONG Cidade Interativa com o CASF (Centro Assistencial Sagrada Família), lá na Vila Agrícola.
A Cidade Interativa entra com o acervo de livros e vídeos e o CASF com a infraestrutura para atender à numerosa comunidade do entorno, oferecendo cultura gratuitamente.
Isto sim é uma excelente notícia!
***
Hoje é 4 de abril. A data lembra o assassinato (em 1968) do líder norte-americano Martin Luther King Jr., pastor protestante e ganhador do Nobel por sua luta contra o racismo e a defesa da não violência. Luther King, morto aos 40 anos, tornou-se um símbolo da paz e da solidariedade.
Vale lembrar a data porque hoje, no Brasil e no mundo, ainda há energúmenos que manifestam suas opiniões racistas sem qualquer vergonha. É triste.
Confesso que não compreendo como funciona o cérebro de pessoas que manifestam seu ódio contra índios, negros, mulheres, homossexuais, judeus e religiosos de matizes diversos.
Deve haver um problema, alguma carência de neurônios, sei lá.
Após milênios de processo civilizatório, a existência desses preconceitos mostra que ainda temos muito a caminhar. Ou então que a civilização não alcança a todos de modo igual. Enquanto a inteligência humana avança, alguns ficam para trás. Talvez seja isso.