Cafonices

Publicado em 27/08/2021 09h39 - Atualizado há 3 anos - de leitura

Lembra da palavra “cafona”? Pois bem. Se você lembra, esteja certo de que a foto de sua carteira de identidade precisa ser trocada. Na Argentina, por exemplo, você não conseguirá entrar com aquela foto de adolescente assustado, tão diferente da sua imagem atual.

Cafona é uma gíria em desuso. Cada geração tem suas gírias, e acha que as gírias da geração anterior são formas arcaicas (e até ridículas) de comunicação. Só pra lembrar: qualificar alguém de “brega” ou “cafona” significava dizer que aquela pessoa estava desatualizada, seja na linguagem, seja no vestuário ou nos gostos pessoais.

Ela faz parte de um tempo em que chamávamos de “bicho” o que hoje chamamos de “cara”. E aí, bicho, tudo bem? Houve um tempo em que mulher bonita era “brotinho” e homem atraente era o “pão”, palavras que mais tarde foram substituídas por “gata” e “gato”. A turma de amigos era a “patota”. E tudo o que era bom era “massa”.

A gíria, portanto, é algo dinâmico, divertido, serve como elemento de identificação de uma geração e se modifica rapidamente. Algumas dessas expressões se incorporam à língua, e outras simplesmente desaparecem. Você sabe que a “piriguete” (expressão que usamos hoje) já foi chamada de sirigaita ou lambisgoia? A gíria muda, mas as piriguetes estão por aí...

Por conta de uma certa rejeição linguística, cada geração acha que a sua linguagem e seu comportamento são mais interessantes. E entre os mais velhos há aqueles que acreditam que as novas gerações são tolas, inconsequentes, estão arruinando as famílias e que nos conduzirão ao fim dos tempos. Isto se repete a cada dez anos, mais ou menos. E, na realidade, nem as famílias, e nem o mundo, acabam...

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Agora estamos assistindo ao surgimento de um novo termo, uma nova palavra, advinda do mundo da tecnologia. O cara é “cringe”! A palavra está provocando uma divertida “guerra” entre a turma da geração “Z” (nascidos entre 1995 e 2010) e a geração “Y” (nascidos entre as décadas de 80 e 90). Os da geração Z acham que os da geração Y são cringes, isto é, estão desatualizados, às vezes ridículos. Especialmente porque se consideram “nativos digitais”, enquanto os anteriores são eternos aprendizes deste mundo não-analógico.

É uma nova visão, enfim, na qual os outros são cringes porque lidam de forma insegura com as tecnologias digitais. Eu, por exemplo, seguramente posso me considerar um cringe. Mas sem nenhum constrangimento, é claro.

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Lembrei disso tudo porque, neste mês de agosto, as redes sociais foram invadidas por manifestações de pessoas que lembraram agosto de 1965, quando a neve tomou conta de Santa Rosa e da região. Elas recordaram o fato através de fotografias e manifestações saudosas do que lá aconteceu.

Acho que não se deram conta de que estavam entregando a idade... A tal nevasca aconteceu há 56 anos.

Isso, é claro, não pode entristecer ninguém. Pouco importa se você é do tempo da Cibalena (a preferida do Jairo Madril, segundo ele próprio) ou se tomou emulsão Scott e Sadol. Afinal, você já ouviu música em eletrola, sonhou em ter um Gradiente, já usou Conga, fez curso de datilografia, fumou Galaxy sem filtro e já arrumou o cabelo com Gumex para os embalos de sábado à noite.

 Não se preocupe. Todos somos, de certa forma, cafonas e cringes. O importante é que, queiram ou não queiram os das gerações Y e Z, nós conseguimos sobreviver e superar a mudança para o mundo digital, e, por isso mesmo, estamos preparados para outras “guerras”. Talvez sejamos tachados de “cringes”. Mas a verdade é que estamos achando tudo isto muito divertido.

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