Carnaval e parasitas
Publicado em 14/02/2020 10h29 - Atualizado há 4 anos - de leitura
Tens visto o mapa do Brasil na TV? Aquele da previsão do tempo? O que vem ocorrendo é que toda a umidade da Amazônia está desviando para o sudeste. Daí o incrível volume de chuvas por lá. Em situação normal, a umidade amazônica se desloca e faz chover no Mato Grosso, Paraná, Paraguai, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. É a Amazônia que regula as nossas chuvas.
Quando lembramos disso, vem uma grande preocupação. Com o ritmo acelerado de desmatamento da Amazônia (só em janeiro aumentou 50% em relação ao janeiro anterior), e com essa conversa de que devemos transformar aquela região em pasto e plantação de cana-de-açúcar, temos mesmo que ficar preocupados.
Se a Amazônia acabar, a nossa região se tornará deserto. Aliás, boa parte do Brasil...
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Estamos em fevereiro, o mês do Carnaval. Momento de alegria, de catarse, de esquecer as convenções sociais. E também de celebrar a vida.
Infelizmente, mais uma vez a cidade não terá Carnaval. Pelomenos aquele oficial, porque a Etnia Afro programou uma noite de Carnaval na sua casa, lá no Parque de Exposições.
A festa será no dia 22 (sábado), e reunirá o pessoal que adora o samba e também os alemães de “cadeira dura”, justamente porque no Carnaval o que menos importa são seus dotes de dançarino. Quando se fala em “cair no samba” significa simplesmente se
deixar levar. Nada mais do que isso.
Ingressos à venda no Edifício Schadeck, na Avenida América, 73, sala 01.
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A palavra que marcou a semana que passou foi “parasita”. O filme coreano vencedor do Oscar, “Parasita”, é muito bom, cheio de simbologias. Não perca.
Na mesma semana o ministro da Economia, Paulo Guedes, chamou o funcionalismo público brasileiro de “parasita”. Como a coisa anda feia, ele precisa botar a culpa em alguém.
No Brasil, temos 3,12 milhões de servidores públicos, o que dá 1,6% da população. Isso é muito ou é pouco? Saiba que, comparativamente, ao contrário do que andam dizendo por aí, é muito pouco. No Japão, 5,9% da população são servidores públicos. Na Alemanha, 10,6%. Na Itália, 13,6%. Nos Estados Unidos são 15,3%. No Canadá, 18,2%. Na França, 21,4%. Na verdade, o Brasil está muito abaixo da média da OCDE - Organização Mundial
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que divulga estas informações.
É claro que podemos (e devemos) discutir os supersalários, benesses, privilégios, e outras mazelas e distorções do serviço público, mas dizer que o funcionalismo é o culpado pela incompetência do governante é tentar desviar o foco das atenções. O grande risco é que, com essas conversas de ódio contra o funcionalismo, o serviço público se torne fraco, incapaz de atender corretamente. Quem pagará por isso será a população brasileira, ou seja, cada um de nós.
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Dos filmes mais comentados do Oscar, além do brasileiro “Democracia em Vertigem” (aquele do golpe de 2016), sugiro também “Indústria americana”, “Jojo Rabbit” e o próprio vencedor, “Parasita”.
Uma boa safra de filmes que já começa a desfilar no cinema de Santa Rosa, como o “1917”, que está em cartaz e que também merece ser visto.