Você deve ter visto por aí que as barragens do rio Uruguai voltaram ao
debate. Pareciam até esquecidas, mas não é o que acontece. Os planos de
construção de duas grandes barragens aqui perto de nós estão muito vivos.

O grande debate, porém, envolve diversas questões. Alguns especialistas
dizem que a bacia do Uruguai já está comprometida com relação à produção
de peixes migradores, pois há 5 hidrelétricas em funcionamento (Itá,
Machadinho, Barra Grande, Quebra-Queixo e Campos Novos) e ainda a Foz do
Chapecó (em construção) e outras 4 em estudos (Garabi, Itapiranga,
Pai-Querê, no rio Pelotas, e Panambi). Isto significa dizer que o
planejamento geral prevê 10 (dez) barragens na bacia. A calha principal
do rio Uruguai simplesmente desaparecerá.

Paralelamente, há algo que não levamos em conta. Existem, no mínimo, 6 
usinas menores (as PCHs) em funcionamento e outras 17 em fase de
estudos, a serem construídas neste grande estuário do Uruguai, nos rios
chamados “tributários” (que chamamos de afluentes). Elas devem gerar
energia em grande quantidade. Aqueles que se opõem à construção ainda
têm outro argumento forte. Serão milhares de pequenos agricultores
desalojados e milhares de hectares de terras férteis (e também de áreas
preservadas) que serão alagados.

O debate — que interessa diretamente à nossa região —, promete ser longo
e acirrado. Está longe de terminar.

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A volta às aulas mostrou o que parecia escondido. A situação de
estudantes e professores é, hoje, de exaustão psicológica. Para muitos
deles, o peso sobre os ombros é a apreensão permanente. Tenho escutado
testemunhos preocupantes. Sejam alunos de quatro anos de idade, sejam
professores com vinte anos de magistério, todos vivem uma situação que
podemos chamar de “esgotamento emocional”. As ferramentas emocionais e
psicológicas estão por um fio.

A esperança (aquela que nunca morre) é que tudo isto possa ser superado.
No entanto, parece que a solução está numa atitude de afeto e
reconhecimento, que deve permear todas as relações no ambiente escolar.

Viver sobre uma corda bamba é para arrebentar os nervos. E não há outro
caminho senão o trabalho solidário, aceitando as falhas e as
dificuldades. O debate parece óbvio. Teremos todos nós o afeto e a
compreensão que o momento exige?

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Dia do Trabalho: juro que esqueci de comentar sobre o dia do trabalhador
na coluna da última semana. Pois vamos lá. Ao contrário do que muita
gente imagina (há quem ainda pense desta maneira) a disputa entre
capital e trabalho, ao longo do último século, sempre teve uma face de
dissimulação. A tal “briga eterna” entre patrões e sindicatos de
trabalhadores sempre tem sido (desde a revolução industrial) um jogo de
xadrez no qual não se busca a eliminação do “adversário”. Ao contrário.

Tanto os trabalhadores quanto os patrões sempre compreenderam que são
mutuamente dependentes. Um precisa do outro. Exemplificando: de que
adianta ter uma produção acelerada de bens se não há quem os possa comprar?
É claro que isso envolve grandes enfrentamentos e também questões
ideológicas em torno dos valores do mundo do trabalho. Não estou dizendo
que esta relação seja fácil ou amistosa. Mas, durante estes últimos dois
séculos, o jogo tem sido de estratégia e não de eliminação, o que talvez
esteja mudando neste século 21, mas isto já é outra conversa.

Digo tudo isto porque sempre fui sindicalizado. Aliás, devo grandes
experiências ao meu sindicato de trabalhadores. É algo de que me
orgulho. Aprendi muito, especialmente a dialogar, respeitar e não me
considerar dono da verdade. Aprendemos isto a duras penas, mas é assim
que alcançamos a sabedoria. Não há respostas prontas. O mundo do
trabalho é assim. A vida é assim.