Nossas árvores

Publicado em 07/11/2020 20h15 - Atualizado há 3 anos - de leitura

Lembra do pau-brasil, aquela árvore que foi a primeira riqueza brasileira? Sua extração durante mais de 300 anos foi absurdamente predatória. Segundo alguns cálculos, mais de 70 milhões destas árvores foram parar na Europa, transformadas em móveis e tintura de tecidos. Não houve qualquer reposição. A ganância era tanta que a história registra diversos naufrágios de navios por conta do excesso de carga da madeira brasileira. Só pararam quando já não encontravam mais árvore alguma. Hoje, o pau-brasil é raríssimo, mesmo nas regiões onde já foi abundante. Foi uma exploração irracional e avassaladora.

O que poucos sabem é que o pau-brasil é uma madeira nobre, forte, não é atacada por insetos e praticamente não apodrece. Os móveis feitos há 500 anos ainda estão em uso em toda a Europa.

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Mas não é só isto. Há cerca de quatro anos a Universidade Federal de Pernambuco publicou pesquisa sobre as propriedades medicinais do pau-brasil. Ele é anti-inflamatório e tem atividade fortíssima na redução de tumores, isto é, de câncer. Em ratos de laboratório reduziu tumores em 87%. O chá das folhas combate o diabetes e a asma. Na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), as sementes estão sendo usadas para o tratamento psoríase e do mal de Alzheimer. São essas universidades que estão tentando evitar a extinção definitiva do pau-brasil.

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Outra árvore brasileira, que já foi abundante no Pará e Amapá, e que está em perigo de extinção, é o pau-rosa, inexistente no sul do Brasil. Pois o pau-rosa, por suas características aromáticas, é utilizado na elaboração do mais famoso perfume do mundo, o aclamado e caríssimo Chanel nº 5. Uma árvore que vale ouro!

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Existem, na Amazônia de hoje, cerca de 550 produtos naturais comercializados e conhecidos no mundo todo. Um hectare de açaí (só para dar um exemplo) gera uma renda equivalente a 80 hectares de soja. E, veja o detalhe, a planta pode conviver com muitas outras espécies nativas.

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A mata atlântica brasileira, que está reduzida a 7% da área original, tem mais de 450 espécies de árvores. Boa parte delas tem princípios ativos e possibilidade de aproveitamento na indústria farmacêutica e alimentícia. Enquanto isso, o Brasil é extremamente dependente de patentes de remédios pertencentes a países ricos.

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Estou citando esses exemplos porque a discussão sobre a importância e o aproveitamento das grandes áreas de florestas brasileiras está nas manchetes da imprensa mundial. A destruição atual da Amazônia lembra muito a exploração acontecida na época do pau-brasil. Destruição predatória, gananciosa, irracional. Movida a jagunços, falsificação de documentos, mortes de indígenas e de caboclos e, como estamos vendo, a incêndios provocados. Coisa selvagem mesmo!

O fato é que a Amazônia e suas adjacências (como o Pantanal) devem ser vistas como o tesouro brasileiro deste século XXI. Estamos longe de conhecer todo o potencial dessa enorme diversidade. O mundo sabe que temos esta riqueza toda, e que ela, além de ser um patrimônio incalculável, é importantíssima para o equilíbrio do meio ambiente em todo o planeta. Isso pode nos tornar uma das nações mais importantes do mundo neste século.

O problema é explicar para essa gente que quer transformar a questão num debate ideológico estúpido. Insensatez, no Brasil de hoje, é a nossa grande peste.

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