Paradoxos
Publicado em 06/03/2021 10h50 - Atualizado há 3 anos - de leitura
Em dois meses (janeiro e fevereiro), a gasolina subiu 41% e o diesel, 34%. É uma birra minha, ou isso é um absurdo?
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A propósito, é um grande paradoxo a elevação dos preços nos últimos meses. Envolve, justamente, aqueles produtos cuja produção nacional é gigantesca. No país do agronegócio, o óleo de soja teve aumento de 103% no ano passado. O arroz, também de forma injustificada, teve aumento de 76%. A carne, por seu turno, continua a subir.
Quando se fala em inflação, sempre encontramos produtos agrícolas sazonais que impactam os números, como batata, tomate e algumas frutas. Compreendemos isso. Mas a variação de preços do óleo, do arroz e das carnes já está comprometendo boa parte do orçamento doméstico dos brasileiros. É claro que existem algumas explicações, como a alta do dólar e o mercado externo aquecido. Mas não deixa de ser paradoxal produzir tanto e pagar tão caro...
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Para nós, gaúchos, o mais doloroso é ver o preço da carne (especialmente a carne bovina). Alguns cortes tiveram aumentos superiores a 60%. Basta você parar diante do balcão de carnes de um supermercado e verá como o brasileiro está fazendo ginástica para não eliminar a carne do prato diário.
O nosso velho e querido churrasco virou ostentação...
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Até mesmo a carne de frango sofreu aumento que beira os 30%, embora a produção brasileira esteja em alta. Hoje o Brasil abate cerca de 1,5 bilhão de frangos por trimestre. Somos grandes produtores de frangos. Mas se o preço da carne não está nada convidativo, o brasileiro compensa esta frustração aumentando o consumo de ovos. Substituir carne por ovos não parece nada prazeroso, mas é muito saudável.
Pelo menos, é o que dizem os nutricionistas, embora essa afirmativa não sirva de consolo.
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Os analistas econômicos estão prevendo uma inflação de 3,87% para este ano de 2021. Fechou o ano passado em 4,52%. O cálculo é complexo, mas fica a cada dia mais difícil explicar para a população que a inflação é só isto (o IGP-M, um dos nossos indicadores econômicos, está em 28,94% nos últimos doze meses). A realidade, especialmente dentro do carrinho do supermercado, parece ser bem outra. E também fora dele, como é o caso do gás de cozinha.
Embora economistas errem muito em suas previsões, a questão é que ninguém, especialmente aqueles que têm renda fixa, consegue acompanhar a evolução dos preços. Num prazo curto, isto representa redução de renda e da própria atividade econômica da sociedade. Não dá o que pensar?
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Talvez seja um paradoxo, ou apenas uma malandragem. Em Santa Rosa o estacionamento pago é serviço essencial? Parece ser, pois a cobrança continua durante o “lockdown”.
Aliás, em Santo Ângelo acontece o mesmo, sob protestos da população local.