Inspirada e apaixonada pela vida, Raquel Hamerski adora se redescobrir, ter propósitos e metas e alma leve para viver a vida da melhor forma possível.

É Psicóloga, com formação na URI/Santo Ângelo, trabalha no CREAS – Centro de Referência Especializado da Assistência Social em Santo Ângelo.

Confira a entrevista e Alfabeto com a conterrânea Raquel, que desenvolve atividades com Proteção Social Especial de Média Complexidade (PSE/MC), que é realizado por meio de programas, projetos e serviços especializados de caráter continuado. Promove a potencialização de recursos para a superação e prevenção do agravamento de situações de risco pessoal e social, por violação de direitos, tais como: violência física, psicológica, negligência, abandono, violência sexual (abuso e exploração), situação de rua, trabalho infantil, fragilização ou rompimento de vínculos, afastamento do convívio familiar, dentre outras. As ações são centralizadas na família e como pressuposto o fortalecimento e o resgate de vínculos familiares e comunitários, ou a construção de novas referências, quando for o caso. O CREAS é a Unidade de referência que oferta obrigatoriamente o PAEFI, que é o Serviço de Acompanhamento Especializado a Família e Indivíduos em Santo Ângelo.

Como você escolheu a psicologia como profissão?

A psicologia entrou na minha vida como escolha de profissão por eu adorar crianças, da possibilidade de escuta-las e trabalhar a demanda que elas trazem.

Como te sentes em trabalhar com pessoas, uma profissão com muitos desafios?

Todo trabalho em que devemos interagir com pessoas, é bastante desafiante, requer cautela e paciência.

A Psicologia, por realizar a possibilidade de mudança na vida das pessoas, no modo como vemos e enfrentamos o mundo, é mais desafiante ainda, pois estamos lidando com as histórias das pessoas, suas marcas.

Gosto muito de realizar esta atividade, diante da possibilidade de ver o crescimento de cada um, de se reinventar, de ressignificar os momentos pelo qual passou.

É algo tentador, quando você percebe que o outro só necessita de um olhar e uma escuta (principalmente as crianças e adolescentes com quem trabalho), que o impulsione para ressignificar seus registros internos e seguir em frente.

Mas claro que não é da noite para o dia, requer paciência, persistência, constância, para que ocorra a construção de uma mudança progressiva e permanente, com reestruturação significativa.

Um dos trabalhos que realiza é o Combate ao Abuso e a Exploração Sexual e Trabalho Infantil/Adolescência.  Como é trabalhar com este tema que tem preocupado tanto as famílias e a sociedade em geral?

Se torna desafiante, pois algumas delas, já estão desacreditadas e, fazer com que se permitam olhar para si, acreditando que é possível ter e fazer sua história diferente, apesar das marcas até então ocorridas, é bastante difícil. Ainda mais a sociedade com crenças arraigada sobre o trabalho infantil e outras tantas que acreditam que as crianças ou adolescentes seriam as que instigam o que acontecem com elas. É revoltante esse tipo de pensamento, apesar de tanta informação existente.

“Abuso sexual: utilização do corpo de uma criança ou adolescente, para a prática de qualquer ato de natureza sexual”. Como você avalia esta afirmação?

Habitualmente não é só a utilização do corpo, existem outras formas de abuso sexual. O abuso sexual pode ocorrer sem contato físico, como: aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, com o intuito da prática de ato libidinoso na presença de menor de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar a conjunção carnal ou o ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem.

O que é a exploração sexual infantil/adolescência?

É explorar sexualmente o corpo da criança ou adolescente, de modo a vendê-lo, beneficiando o adulto.

Devido à pandemia, aumentou a violência sexual a menores? O que está acontecendo em sua opinião?

Sim, ocorreu aumento devido a muitos agressores conviver com as crianças e adolescentes, e estas terem que permanecer em casa diante do contexto mundial. Assim como a situação do trabalho infantil, exceto no modo aprendiz, permitindo por lei.

Quais são os principais desafios dos poderes públicos, profissionais e comunidade?

Trabalhar com as famílias e a sociedade, que há muitos que concordam com o combate ao abuso, exploração e trabalho infantil, contudo há os que apoiam, incentivam e promovem tal situação, infelizmente.

Como as pessoas/comunidade podem ajudar a combater este problema social?

Falando, denunciando ao Disque 100, Promotoria, Conselho Tutelar, se questionando ao que acontece a sua volta, na sua frente, não se calando.

Com que mensagem encara o mundo?

Viva em constante transformação, acredite na sua essência e nos seus valores, estude e busque seu melhor sempre, seja sensível ao ponto de se colocar no lugar do outro e ajudá-lo, mas seja esperto e atento ao ponto de não permitir que ninguém te faça de trouxa ou passe por cima de você. Viva com a intensidade de seu coração e a leveza de sua alma. Tudo tem seu tempo e momento, Ele sabe de todas as coisas. O plantio é opcional, já a colheita é obrigatória.

Traço marcante da sua personalidade?

Persistência, sinceridade, sensibilidade, protetora.

Do que precisa para ser feliz?

Coisas simples, que a vida me proporciona.

Conheça um pouco mais de Raquel que adora estar comigo mesma, com pessoas que me façam bem, ler, viajar, conhecer novos lugares.

A de Autenticidade, ser você mesma e ter pessoas verdadeiras ao seu lado.

B de Burrice, das que acreditam que ganham mentindo e enganando as pessoas. Mas na verdade, sempre enganam a si mesmas.

C de Conexão, com quem amo, com quem me faz bem e feliz, com as pessoas que necessitam do meu trabalho.

D de Deus, de Doação, responsável pela grandiosidade das nossas vidas.

E de Educação, o que transforma o mundo, as pessoas. Devemos se colocar no lugar do outro, escutar e possibilitar o conhecimento e crescimento de todos.

F de Feeling, a percepção necessária em nosso trabalho, dia-a-dia, nas relações.

G de Gargalhadas, em boa companhia.

H de Honestidade, fundamental na atualidade. Prefiro ser honesta a mentir para agradar.

I de Infância, necessidade de uma educação com boa estrutura emocional, moral e espiritual, para termos bons seres humanos.

J de Julgamento, o que é fácil de se fazer, sem olhar para os próprios erros. Avaliar suas próprias atitudes antes de fazê-lo.

K de Know-how, saber como fazer, com dedicação e empenho.

L de Liberdade de expressão, se permitir verbalizar e fazer o que deseja, sem restrições ou julgamentos. 

M de Música, escutar, cantar, torna o momento mais leve, espantar os males.

N de Natureza, contato com energias revigorantes.

O de Oportunidades, a gente busca, não espera acontecer.

P de Psicoterapia, estar em constante autoconhecimento, autoavaliação, desconstrução e reconstrução.

Q de Qualidade, todos os momentos, ações, relações e coisas, em nossas vida, devem ter qualidade.

R de Realização/ Renovação, da vida, de atitudes. Transformação constante.

S de Saudade, de pessoas que partiram antes,

de Sensibilidade, na escuta, no trabalho e nas relações...

de Superação, dos próprios limites.

T de Transferência, forma de projeção da relação terapêutica e também presente na construção das relações familiares e sociais.

U de Único, cada qual com suas características e singularidades são únicas e essenciais.

V de Voluntariado, doação do seu tempo, escuta, palavras para as pessoas que necessitam, mas que na verdade, quem acaba recebendo é você, através do olhar, do carinho e do afeto que emana das mesmas.

X de Xadrez, um dos textos que produzi, "Jogo de Xadrez" refletindo sobre as relações.

Y de Year, um novo ciclo, novo momento, novas oportunidades, mais um em minha vida.

W de Wi-fi, comunicação importante nos dias atuais, por vezes necessário se desconectar.

Z de Zelo, o cuidado, o empenho, a disposição e a preocupação com a família, amigos, trabalho e pacientes.