Comportamento

“Não acreditava na covid, mas quase morri, após ficar 23 dias na UTI”

O relato de uma aposentada que ignorou medidas restritivas e hoje sofre com as consequências do vírus.

Publicado em 28/03/2021 15h52 - Atualizado há 3 anos - de leitura
Um ano após o primeiro caso de covid-19 em Santa Rosa, infectados graves começam a relatar consequências dos dias em que ficaram internados. /Foto: Divulgação

Um ano após Santa Rosa/RS confirmar o primeiro caso do novo coronavírus e somar 104 mortes, nossa reportagem foi procurada por uma senhora de 63 anos, que foi infectada pelo vírus. Ela permaneceu 23 dias internadas na UTI da Unidade Dom Bosco, entre novembro e dezembro de 2020 e aceitou contar como foi sua experiência.

M.D., 63 anos, (a identidade será preservada a pedido da entrevistada) é professora aposentada, empresária, e confessa que zombava do vírus. “Desde março quando iniciou as primeiras notícias eu criticava inclusive a rádio e o jornal, por notoriedade ao isolamento social. Na época eu achava uma besteira e acreditava em mensagens que recebia de um grupo de apoiadores de políticos nacional. Por diversas vezes xinguei e andava sem máscara na rua”, comentou.

A aposentada comenta que postava em sua rede social diariamente críticas a pandemia. “Minha nora chegou a me reprender duas vezes e acabamos cortando relações. A pandemia para mim não era verdade”, lembrou. À nossa reportagem, ela salientou que andava sem máscara na rua e proibia seus funcionários de usar dentro de sua loja. “Fui contra o tempo todo, brigava mesmo e deixei de assistir TV e desliguei o rádio, pois para mim era invenção da Globo e da Noroeste”.

Ela conta que tudo mudou na sexta-feira, dia 27 de novembro. “Acordei com mal-estar. Achei que era um resfriado besta devido a mudança da temperatura. Não dei bola! Fui trabalhar, sem máscara, fui no supermercado e depois do almoço comecei a sentir falta de ar. Meu filho quis me levar para a UPA, mas eu resisti. Fiquei em casa. Duas amigas que estavam num jantar três dias antes haviam feito o exame e positivado, mas eu não aceitei que estaria também com coronavírus”, relatou.

Ela disse que foi dormir e por volta das 2h da madrugada do sábado, 28 de novembro, acordou sem conseguir respirar, quando ligou para seu filho. “Senti uma agonia, pois eu não conseguia mais respirar. Fui para a UPA e não quiseram me atender, pois estava com sintomas de covid-19. Me encaminharam à Unidade Dom Bosco quando fui atendida. O médico me disse que eu meu pulmão estava com 72% de funcionamento e recebi oxigênio. Meu estado de saúde piorou e acordei alguns dias depois na UTI. Foram dias e dias intubada, sem saber o que estava acontecendo. Lembro de visões rápidas de médicos e enfermeiros todos equipados sem que eu reconhecesse seus rostos. Mas graças a Deus sobrevivi. Um dia após sair da intubação, eles fizeram uma chamada de vídeo com meu filho e minha nora, e a primeira coisa que eu fiz foi pedir desculpa. Segui me recuperando e ao completar 23 dias de UTI, fui para o quarto e seis dias depois para minha casa. Vi muitas pessoas não resistirem e morrer, sem sequer poder dar um último adeus a seus familiares”.

Sobre o retorno para casa, M.D. lembra que recebeu a notícia que uma de suas amigas havia falecido. “Me senti culpada, pois elas se cuidavam, cumpriam todas as orientações e eu fui jantar com elas. Eu insisti para fazermos um jantar. Acredito que eu tenha levado o vírus e causado tudo isso. Hoje faço tratamento para o pulmão e preciso de atendimento semanal de fisioterapeuta. Minha saúde não é mais a mesma e todos os dias sinto as consequências da covid-19”.

Uma mensagem: “cuidem-se! Infelizmente é um vírus fatal, que matou e ainda está matando. O dinheiro e os bens se recuperam, mas a vida não. Vamos lutar contra a morte”, concluiu M.D., uma sobrevivente do coronavírus.

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