Polícia

Moradores denunciam execuções em operação no Jacarezinho, a mais letal da história do RJ

Secretaria de Polícia Civil nega qualquer irregularidade na ação que deixou 25 mortos – incluindo um agente de uma unidade especializada. MP vai investigar denúncias de abusos policiais.

Publicado em 07/05/2021 08h48 - Atualizado há 3 anos - de leitura
Operação da Polícia Civil no Jacarezinho resultou em 25 mortes /Foto: CNN

Moradores da Favela do Jacarezinho denunciaram, em vídeos publicados em redes sociais e em relatos à Defensoria Pública, que suspeitos foram executados durante a operação policial na comunidade, na quinta-feira (6).

Na ação mais letal da história do estado do Rio de Janeiro, 25 pessoas foram mortas baleadas – incluindo um policial civil.

Em um dos vídeos, exibido no Jornal Nacional (veja abaixo), uma moradora filma um policial e afirma que o suspeito quer se entregar. A mulher acusa os agentes de tentarem "encurralar" moradores para evitar que eles chegassem até o local onde supostamente o homem teria se rendido.

Para defensores públicos, além das denúncias, fotos compartilhadas em redes sociais e também tiradas por fotojornalistas demonstram que a polícia "desfez" a cena de crimes. Para eles, mais um indicativo de que houve execuções de suspeitos – sem chance de rendição.

Durante a entrevista coletiva para detalhar a ação, a polícia negou veementemente qualquer irregularidade durante a operação.

O delegado Rodrigo Oliveira, subsecretário operacional da Secretaria de Polícia Civil, declarou que "se alguém fala em execução nessa operação, foi no momento em que o policial foi morto com um tiro na cabeça". O agente André Farias morreu ao ser atingido enquanto tentava retirar uma barricada.

O Ministério Público estadual informou que vai investigar relatos de abusos policiais, que incluem também invasão a casas e truculência contra moradores.

Sangue e corpos arrastados

Imagens obtidas pelo G1 mostram a casa de uma das pessoas que vivem na favela com o chão coberto de sangue, e marcas aparentando que corpos foram arrastados pelo piso.

Oficialmente, a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Secretaria de Polícia Civil – grupo considerado de elite que integrou a ação – informou, em nota, ter perseguido dois criminosos que invadiram a casa e fugiram até o segundo andar da residência.

Casa de mulher de 50 anos ficou repleta de sangue após ação policial no Jacarezinho — Foto: Reprodução

Casa de mulher de 50 anos ficou repleta de sangue após ação policial no Jacarezinho — Foto: Reprodução

Na versão da polícia, os agentes seguiram os dois homens enquanto moradores ficaram do lado de fora do sobrado. "Os policiais entraram na casa, houve confronto, os policiais reagiram e os traficantes morreram", resume o texto.

As fotos também foram enviadas à Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no RJ (OAB-RJ). O advogado Rodrigo Mondego, procurador da comissão, contou que uma pessoa que vivia na casa foi para uma área externa, após a invasão.

Depois, segundo o advogado, a testemunha relatou ter ouvido de policiais da Core que ficasse fora de casa, enquanto os policiais estavam no local. "Ela ficou nervosa, e a polícia disse pra ela ficar do lado de fora. Ela ouviu gritos, e, em seguida, os tiros", contou Mondego.

Os vestígios de sangue podiam ser vistos em vários pontos da casa.

"Em nenhuma hipótese, se dois suspeitos de crime entrassem em uma casa de uma pessoa trabalhadora em um bairro nobre do Rio de Janeiro, elas seriam executadas lá dentro”, declarou o advogado.

Casa de moradora do Jacarezinho ficou com rastros de sangue — Foto: Reprodução

Casa de moradora do Jacarezinho ficou com rastros de sangue — Foto: Reprodução

O representante da OAB também lembrou do trauma dessas pessoas viver a situação, além do prejuízo material ao ter a casa "cravejada de balas, sofás inutilizado por causa do sangue".

Imagens do Globocop mostraram, pela manhã, que bandidos pularam para a casa de moradores para fugir da polícia. Em seguida, policiais também entraram nas residências para perseguir os criminosos.

Foto de morto será apurada

Outra denúncia de moradores do Jacarezinho envolve a imagem de um homem morto em uma cadeira de plástico, numa das vielas da comunidade, com um dedo na boca.

Circunstâncias de foto de morto em cadeira serão apuradas, diz polícia — Foto: Redes Sociais

Circunstâncias de foto de morto em cadeira serão apuradas, diz polícia — Foto: Redes Sociais

Ao ser questionado sobre a imagem durante a coletiva de imprensa na Cidade da Polícia, o delegado Fabrício de Oliveira, coordenador da Core e que participou da operação, confirmou que a imagem era de um dos mortos na favela, mas que as circunstâncias em que ela foi feita vão ser apuradas."Quando a polícia acessou, alguns criminosos foram encontrados já mortos. Caso está sob investigação e em breve a polícia vai dar mais detalhes dobre a dinâmica do que aconteceu", disse.

Cadeira vazia e com sangue onde homem estava — Foto: Redes Sociais

Cadeira vazia e com sangue onde homem estava — Foto: Redes Sociais

Fonte: G1 Rio

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