Bolsonaro decide manter Mandetta no Ministério da Saúde
Permanência foi garantida pelo vice-presidente Hamilton Mourão, na saída de reunião com ministros e o presidente, no início da noite desta segunda (6).
Publicado em 06/04/2020 19h54 - Atualizado há 4 anos - de leitura
O presidente Jair Bolsonaro decidiu manter Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde. A decisão foi tomada nesta segunda-feira (6) após ser convencido por militares a manter o ministro no cargo.
De acordo com fontes ligadas ao ministro, Mandetta balançou forte nesta segunda, mas deve seguir no cargo, ao menos por ora. No início da noite, após uma reunião do presidente com ministros e o vice-presidente Hamilton Mourão, o próprio vice assegurou a permanência do ministro, afirmando que a reunião tratou da flexibilização da quarentena.
“Mandetta segue no combate, ele fica. Tratamos de cenários, como a flexibilização do isolamento, no futuro”, afirmou Mourão.
Na sequência, em coletiva de imprensa do Ministério da Saúde [vídeo abaixo], Mandetta fez um desabafo e garantiu que segue no cargo.
"Hoje foi um dia que rendeu muito pouco o trabalho aqui no ministério. Ficou todo mundo aqui com a cabeça meio avoada se eu iria permanecer, se eu iria sair. Agradeço, muitos vieram em solidariedade, se você sair, vamos sair juntos, aquela história toda. Gente aqui dentro limpando gaveta, pegando as coisas, até as minhas gavetas vocês ajudaram a fazer a limpeza. Nós vamos continuar, porque continuando a gente vai enfrentar o nosso inimigo. O nosso inimigo tem nome e sobrenome, é o Covid-19", afirmou o ministro.
Bolsonaro teria sido convencido por militares no final da tarde, incluindo os ministros Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Governo), de que a melhor decisão seria manter o ministro por enquanto. O presidente, que já tinha se decidido pela exoneração, voltou atrás.
As divergências entre o presidente e o ministro são relacionadas à pandemia de Covid-19, uma vez que o posicionamento de Mandetta é a favor do isolamento horizontal, onde toda a sociedade fica em isolamento, o que vai de encontro com o que as principais autoridades de saúde do mundo defendem, entre elas a Organização Mundial da Saúde (OMS). Bolsonaro, por sua vez, prefere flexibilizar o isolamento social por acreditar que a adoção da quarentena vai “quebrar” a economia do país e provocar um caos social, o que é prejudicial ao seu governo.
Um dos cotados para assumir o cargo em uma eventual saída de Mandetta é o deputado federal e ex-ministro da Cidadania Osmar Terra (MDB-RS), que é a favor do isolamento vertical, onde apenas o grupo de risco é colocado em quarentena. O médico Terra, inclusive, já teria ligado nesta segunda para alguns governadores anunciando a decisão do presidente. Nos últimos dias, o deputado se reuniu por mais de uma vez com o presidente, a fim de tratar sobre a pandemia. Além dele, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, e a imunologista e oncologista Nise Yamaguchi, diretora do Instituto Avanços em Medicina, são apontados como favoritos a ocupar o cargo.
Após o anúncio da possibilidade de exoneração de Mandetta, panelaços foram registrados em todo país, com gritos de “fica Mandetta”. Por outro lado, apoiadores do presidente comemoravam a decisão.
Apesar da sobrevida dada ao ministro, a possibilidade de exoneração continua forte.
Assista a coletiva de imprensa do Ministério da Saúde:
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