Saúde

Médico com Covid-19 tratado com cloroquina relata medo e alívio

Ministério da Saúde anunciou a liberação de 3,4 milhões de unidades do medicamento para serem usados no tratamento de pacientes graves da doença causada pelo novo coronavírus.

Publicado em 27/03/2020 19h29 - Atualizado há 4 anos - de leitura
O médico cardiologista Felipe Santos, de 31 anos, tratado para Covid-19 com cloroquina /Foto: Arquivo pessoal

O uso da cloroquina, um medicamento empregado no combate à malária, lúpus e artrite reumatoide, no tratamento contra o novo coronavírus (Sars-Cov-2) vem sendo amplamente debatido mundialmente. No Brasil, um estudo será conduzido de forma colaborativa com testes clínicos em cerca de mil pacientes.

O Ministério da Saúde anunciou a liberação a partir desta sexta-feira (27) de 3,4 milhões de unidades do medicamento para que os médicos possam avaliar seu uso em pacientes graves de Covid-19, doença que já matou 92 pessoas no Brasil. Para este fim, foi elaborado um protocolo, que prevê cinco dias de tratamento, sempre dentro do hospital e com monitoramento de um médico, em razão de seus efeitos colaterais.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu uma nota nesta semana alertando sobre uso de hidroxicloroquina e cloroquina.

“Apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da Covid-19. Portanto, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus”, explica a nota.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, lançou um estudo internacional e multicêntrico que busca acelerar a identificação de alguma droga que possa ajudar no tratamento da Covid-19, incluindo o medicamento entre as drogas testadas.

Em São Paulo, um médico cardiologista infectado pelo novo coronavírus apresentou melhora após os médicos, atendendo a um pedido seu, começarem a ministrar cloroquina combinada com azitromicina (antibiótico). Felipe Santos, de 31 anos, passou seis dias internado, dois deles na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), com quadro grave de falta de ar, tosse, febre e dor no corpo.

O médico fez um relato no qual destaca o medo que sentiu ao ser diagnosticado com Covid-19 e o alívio após o tratamento com cloroquina.

Confira o relato na íntegra:

"Desde o dia 10 me sentia como se tivesse um resfriado. No dia 13, comecei a ficar mais cansado. Achei que fosse só o reflexo de uma semana pesada de trabalho —sou cardiologista e trabalho muito. Mas, foi aparecendo uma dor forte no corpo, na lombar, e um pouco de tosse.

No dia 15, foi bem difícil, porque pioraram os sintomas. Comecei a ter muita falta de ar. Era um dia de plantão e, antes de os colaboradores entrarem no trabalho, são obrigados a fazer uma triagem por conta dessa pandemia. Detectaram baixa saturação [células com quantidade de oxigênio abaixo do normal, característica de doença pulmonar] e febre em mim.

Fui logo fazer o teste contra a covid, com o suabe [espécie de cotonete para colher material da mucosa do nariz e garganta], que só ficaria pronto em 48 horas, e uma tomografia de tórax. Esse exame indicou uma pneumonia viral. Fui internado na UTI, onde fiquei por dois dias. Depois, mais quatro dias na enfermaria.

Durante a internação, fui procurar informações sobre a covid e os estudos que saíram da França, da Itália. Já estavam falando sobre a hidroxicloroquina.

Conversei com um colega sobre a possibilidade de começar esse tratamento, que é novo, e pedi para fazer o teste. Comecei a fazer a hidroxicloroquina com a azitromicina como tratamento. Em dois dias, meu quadro clínico já era bem melhor. Ainda tenho sintomas, mas são leves. Acredito que foi a medicação certa, por isso eu melhorei dos sintomas.

Para que meu tratamento fosse feito com essa medicação específica, tive que assinar um termo de consentimento, porque é algo experimental ainda. Eu sabia que poderia não funcionar, essa doença é muito nova. Então, bateu um pouco de medo. Mas os estudos mostravam que funcionava. Não era medo de ter um dano provocado pelo remédio, era medo de não funcionar mesmo. E não me arrependo.

O tratamento ainda não acabou, estou tomando a hidroxicloroquina por dez dias. A azitromicina tomei por cinco dias. Estudos já comprovaram que diminui a replicação viral, a atividade inflamatória secundária à doença e os pacientes têm evoluído muito melhor e mais rápido.

É importante destacar que não dá para chamar de gripezinha. Qualquer um que estude a história clínica da doença sabe que não é uma gripezinha. Há muitos pacientes jovens sofrendo por isso —eu fui um deles— e muitos idosos também.

É uma visão muito limitada chamar uma pandemia de gripezinha. Essa declaração do presidente não foi boa. Uma gripezinha não dá falta de ar, não entuba paciente, não mata assim. Se fosse uma gripezinha, não estaríamos numa pandemia.

Eu sentia falta de ar ao mencionar duas palavras. Nesse momento eu fiquei bastante preocupado sobre como eu evoluiria —se poderia ser para uma entubação traqueal, assistida ou mecânica. Eu estava evoluindo para isso. Mas não precisei.

Saí da internação na semana passada e agora estou de quarentena. Não sei onde eu possa ter contraído. Aliás, isso é uma coisa importante: quem está com o vírus transmite a doença mesmo assintomático.

Ainda não sou considerado curado, porque preciso cumprir a quarentena até o fim. Mas vou fazer um novo suabe esta semana, para saber se o vírus ainda está no meu organismo."

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