Rescaldos das urnas
Publicado em 10/10/2022 10h01 - Atualizado há 2 anos - de leitura
Se é inescapável falarmos de eleições, vamos a algumas curiosidades que sempre aparecem. Eleição sempre traz fatos inesperados.
Já são 700.000 eleitores vivendo no exterior (sem contar os menores de 16 anos). Quatro anos atrás eram 500.000. Um aumento de 40%. Uma das razões é que os brasileiros mais qualificados estão saindo do país em busca de apoio e melhores salários. O fenômeno está sendo conhecido como “a fuga dos cérebros brasileiros”. É um êxodo! Após quatro anos de ataques do governo às instituições científicas brasileiras, o quadro é de desmonte. Continuaremos, eternamente, importadores de ciência e tecnologia.
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É mesmo uma contradição. O PT elegeu a maior bancada na Assembleia gaúcha e não conseguiu ir para o segundo turno para governador. Entre os eleitos, as votações do Jeferson Fernandes e do Elvino Bohn Gass foram consagradoras. Além destas reeleições, a região mantém a representatividade através do Osmar Terra e do Aloisio Classmann. Dois na Assembléia, dois na Câmara Federal.
É nosso dever incomodar todos eles durante o mandato. Afinal, a afinidade deles com a região é um compromisso.
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Em plena noite de apuração de votos, o Pedro Berwian, lá da Guatemala, me consultou sobre o sentido da palavra “balotaje”, que é usada por lá. Pois descobrimos que ela vem do francês e é usada em espanhol, com o sentido de “desempate”. No caso do contexto eleitoral, ela tem o sentido de “segundo turno” (ou “segunda vuelta”), para consolidar o vencedor com mais de 50% dos votos. Este é o caso do Brasil, como sabemos. Em alguns países, porém, o percentual previsto é de 40%.
Em muitas cidades, o que inclui Santa Rosa, o clima de violência latente foi visível. Sorte que não aconteceu nada mais grave. O pessoal ligado a partidos democratas e de esquerda evitou circular com bandeiras e carros emblemados.
A galera que não esconde seu fanatismo de direita estava procurando uma briga ou uma tragédia. Não conseguiram porque o outro lado entendeu o perigo. Essa história de grupinhos ameaçando adversários lembra muito o nazismo, não lembra?
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Em pleno 2022, deveríamos estar discutindo coisas importantes do nosso tempo, como inserção e renovação tecnológica, desenvolvimento industrial, emprego, proteção ambiental, educação massiva, etc. Coisas que poderiam nos capacitar para enfrentar o mundo competitivo e complexo deste século e, enfim, desenvolver o país.
No entanto, como vimos nas eleições, estamos às voltas com invencionices como Deus, pátria e família, educação sexual arcaica, luta do bem contra o mal, cruzadas contra infiéis, ameaças de Satã e do comunismo, entre outras bobagens. Um ranço de religiosidade velha e atrasada que contamina e estraga a vida política, que deveria ser vibrante e saudável.
É isso, pois. O que vemos diante de nós é uma mentalidade arcaica que, inacreditavelmente, contamina muitas pessoas. Tem gente que pensa com ideias da Idade Média. É algo bem patológico o que se vê por aí.
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Mas tudo vai passar. Esse clima tenso também vai passar. Afinal, eleição é escolha, mas a vida continua. Eu, por exemplo, estou louco para que tudo isso passe e eu possa voltar a usar a bandeira do meu país.