Destaques da campanha eleitoral em andamento
Publicado em 29/10/2022 21h28 - Atualizado há 2 semanas - de leitura
Durante minha ausência justificada deste espaço, que se deu no período que antecedeu o 1º turno as eleições a presidente da República até a semana passada, muitas coisas aconteceram. Por serem de diferentes tons, vou analisar algumas, apenas - por óbvio, superficialmente. A campanha eleitoral, que já era polarizada entre Bolsonaro e Lula desde o início, entornou com o andar da carruagem. Em alta temperatura, passou expor métodos que extrapolam o bom senso. Dito isso, vou aos casos que mais se salientaram na campanha eleitoral ainda em curso. Começo pela 3ª via à presidência. Como previ, não se criou. A bem da verdade, era estimulada pela esquerda com o objetivo de esvaziar a candidatura da direita. Aliás, nessa toada, o Lula levou de roldão a candidatura Ciro Gomes. Ao pregar o voto útil, desidratou o candidato do PDT.
Outro assunto que não pode passar batido: as pesquisas eleitorais. No 1º turno todos os institutos erraram. A esmagadora maioria, de forma escandalosa. A eleição de Lula ainda em 1º turno era dada como certa. Aliás, era tão certa que o PT e aliados reservaram a Avenida Paulista, em São Paulo, para a festa da vitória. Outro erro grosseiro ocorreu no Estado do RS. Onyx Lorenzoni, que em nenhuma pesquisa era favorito ao governo gaúcho, foi o mais votado com larga margem sobre o segundo, o ex-governador Eduardo Leite.
As pesquisas são motivo de contestação há muito. Na maioria das vezes, como no pleito de 2022, com razões sobradas. Em decorrência de sua falta de credibilidade, projeto de lei regulamentando-as começa a tramitar na Câmara dos Deputados. Nessa questão estão em campos opostos: (i) de um lado, o direito dos órgãos de pesquisa em informar; (ii) de outro, a indução do eleitor a votar no candidato favorito nas pesquisas. Esta, para muitos um tanto subjetiva, não para mim, quebra a igualdade de tratamento entre os candidatos. Aliás, o Lula, ao pregar o voto útil - que aniquilou Ciro Gomes - se baseou nas pesquisas que apontavam não ter chance o candidato do PDT.
A experiência de várias eleições me leva a afirmar que as pesquisas induzem o eleitor a votar no candidato favorito. Eleitores indecisos, como é sabido, não gostam de perder seu voto. Em consequência, votam no candidato que estiver despontando nas pesquisas de intenção. Temos, então, dois direitos que se contrapõem. Logo, como decidir? A meu sentir, privilegiando o direito prevalente, traduzido, no caso, no interesse maior que, para não quebrar a igualdade de tratamento entre os concorrentes a cargos eletivos (a desigualdade é antidemocrático), se traduz na eliminação das pesquisas. O grande capital dos institutos de pesquisas é a credibilidade, a qual foi para o espaço.
Como é natural, ambos os candidatos a presidente que ultrapassaram a primeira fase, saíram em busca de apoios. Alguns apoios ajudam, outros atrapalham. A favor de Bolsonaro, governadores reeleitos, com destaque para o governador Romeu Zema, de Minas Gerais, e para os artistas Leonardo, Zezé di Camargo, Gustavo Lima etc. A favor de Lula, lideranças como FHC, a candidata Simone Tebet, do MDB, que ficou em 3º lugar, entre outros. Nesse balanço, a meu ver, quem mais ganhou foi Bolsonaro, que, de quebra, ainda teve o apoio do senador eleito Sérgio Moro, o juiz que enquadrou Lula.
Lula, na busca de votos, subiu o Complexo do Alemão/RJ. Na ocasião, usava um boné CPX. Para seus adversários, era vinculação com o tráfico; para seus adeptos, abreviatura de Complexo. A dúvida ficou. Para mim, no entanto, a pergunta que não quer calar é outra: quem autorizou Lula a subir o Complexo do Alemão? Ocorre, como todos sabemos, que lá manda o Estado paralelo, sobrepondo-se ao Estado oficial. Pergunta sem resposta.
Por fim, uma palavra sobre a eleição ao governo do RS, Onyx Lorenzoni x Eduardo Leite. O ex-governador conquistou o “voto crítico” do PT. Traduzindo: voto igual ao outro. Ou seria um voto envergonhado? Pois bem. Esse apoio prejudica ou ajuda o candidato do PSDB? Por escancarar o duplo jogo do Eduardo Leite, isto é, (i) prometer votar em Bolsonaro e (ii) se aliar a Lula, ganha votos críticos mas perde votos não críticos.